Beijo a manhã, com a delicadeza do som das asas das gaivotas, aves que se deixam levar pelas lufadas de ar, circundando o oceano, Atlântico ou Pacífico, não importa, pois repleto de velhos e novos mundos é a minh’alma e forjado na paz das canções solares é o meu coração, antes entregue aos delírios, agora derramado em teu colo de anjo cujas asas se revelam em meus sonhos, e são asas colossais, intransponíveis, protetoras máximas da minha pequena e frágil vida.

E você, senhora das nuvens, desenha os sorrisos da infância no meu rosto adulto e desconfiado – desenha e os transforma em obras de uma arte efêmera aos olhos, porém de uma gloriosa eternidade à mente - minha mente, que paira sobre um jardim com flores cor de paz, saudade e amor; uma reunião de perfumes incandescentes, penetrando meus sentidos, erguendo-me aos céus onde contemplo o seu rosto mais uma vez, uma paisagem dourada, com duas pérolas vivas – estendo o braço para tocá-la, meus dedos sentem a eletricidade da sua face e não percebo, mas estou além do mundo, flutuo em um universo espetacular de luz e sons. 

Não sou mais um homem frágil, não me percebo mortal ou imortal. Eu e você somos um, somos pinceladas na face do destino, da existência. Somos como sonhos que colidiram e decidiram existir, somos como estrelas que se erguem no horizonte de uma manhã que jamais tem fim.


por Moisés Cavalcanti